|
DE METAL HURLANT PARA HEAVY METALLeonard Mogel que publicava a célebre revista satírica National Lampoon na América do Norte, tinha ficado impressionado em Paris com Metal Hurlant e determinou-se a criar um equivalente ianque. Nasceu, deste modo, em abril de 1977, Heavy Metal - the adult illustrated fantasy magazine (ou a revista ilustrada de fantasia para adultos), com boa parte de conteúdo à base de material humanóide e usando Den de Corben (assim como o Arzach de Moebius) como bandeira estética. A integração de experimentadores autônomos (Howard Chaykin, Gray Morrow, Paul Kirchner, Val Mayerik, etc.) foi sendo ajustada ao novo ritmo mensal de Metal Hurlant e a atenção virava-se para o clássico europeu moderno. Ao seu significativo título em inglês foram se agregando a moda Rock e o movimento underground, mostrando grande interesse pelos diversos rumos da cultura contemporânea de massas. E iniciando como Metal Hurlant na Europa, uma política de revista e álbuns que logo desencadeariam a explosão de iniciativas semelhantes, como a esplêndida revista EPIC lançada pela Marvel. Que o conteúdo da Heavy Metal não coincidia com a da Metal Hurlant em amplos aspectos, não significava que não seriam exportados também para além do Atlântico, os princípios de liberdade e de personalidade nativa. Desta forma, Heavy Metal (também, a primeira revista americana deste tipo) escolhe materiais, se não sintoniza-se o corpo, sintoniza-se o espírito ao padrão francês e de qualquer maneira está muito clara a posição de astro de Moebius na publicação de Leonard Mogel que publicou uma edição luxuosa de seu trabalho com o personagem John Difool (da série O Incal) e introdução de Federico Fellini. O cordão umbilical entre Metal Hurlant e Heavy Metal ameaçou quebrar por questões contratuais em diversas ocasiões, mas pôde ultrapassar os adversos testes e continua forte, tanto que existe até hoje na prática, aliança e troca entre ambas as publicações, sem limite para a compra de materiais europeus e com extensão para a operação recíproca, da mesma maneira que testemunha a publicação para Metal Hurlant, mediante entregas e em álbum, da transcendental obra Outland de Jim Steranko, criada para Heavy Metal. A viagem metálica de Paris para Nova Iorque repercutiu consideravelmente na descoberta norte-americana dos quadrinhos europeus, mostrando-se decisivo no futuro próximo dos quadrinhos e desenhos animados americanos. Por outro lado, foi a denominação de Metal Hurlant originariamente francês o que dominou na expansão dos Humanoides para outros países: na Itália e Espanha foi respeitado o nome gaulês pelas edições nacionais respectivas daquela revista e herdando as tradições autônomas do seu título. Que não implica por diversas razões (e, entre elas, o conceito que as conotações Rock da Heavy Metal poderiam superar em comercialidade as conotações comic da Metal Hurlant) decidiu-se que o filme conserve a denominação norte-americana. De qualquer maneira, não resta dúvida que o espírito do filme venha diretamente do universo mítico criado pelo trio Dionnet-Moebius-Druillet. |
|